top of page

Avanços na conservação dos papagaios brasileiros e de seus habitats naturais

Esta semana, celebramos um marco para a conservação dos papagaios brasileiros e de seus habitats naturais. De 12 a 18 de abril acontece a “Semana de Estudos para a Proteção dos Papagaios e demais Psitacídeos Brasileiros”, criada há três anos pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Durante estes dias, os projetos que trabalham na proteção das espécies   incluídas no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios (PAN Papagaios) se reúnem para promover diversas campanhas de comunicação, informação, sensibilização e educação para conservação. Esse momento é essencial também para lembrar os principais marcos conquistados desde a integração do grupo.

O PAN Papagaios foi criado em 2010, durante uma oficina promovida pelo ICMBio/CEMAVE que contou com a participação de inúmeros especialistas e profissionais da área de conservação de espécies. Desde então, o documento tem sido a principal referência para as estratégias de ação deste grupo. O PAN Papagaios promove e incentiva a participação ativa e cooperativa de diferentes profissionais e instituições que até então atuavam isoladamente. Com a integração e troca de experiências maiores e mais efetivas, importantes avanços foram alcançados nos últimos anos. 

Entre os resultados que podemos comemorar, está a criação de inúmeras Unidades de Conservação (públicas e privadas), nas áreas de distribuição das espécies. Ressalta-se que as áreas protegidas têm o papel de conservar a biodiversidade por meio da manutenção adequada de ambientes – que no caso dos papagaios, são fundamentais para reprodução, abrigo e alimentação. A iniciativa isolada de criar áreas protegidas não é suficiente. É necessário proporcionar recursos financeiros que permitam a gestão dessas áreas de modo efetivo, auxiliando adequadamente nas ações de proteção, de combate ao desmatamento e à captura ilegal de animais silvestres, fortes ameaças à manutenção destas áreas. 

Outro resultado relevante foi a melhoria do estado de conservação do papagaio-de-cara-roxa que mudou de categoria, de vulnerável para “quase ameaçado”. Essa mudança está relacionada às ações de educação, sensibilização, manejo e proteção do ambiente natural, que refletiram no crescimento moderado da população atual, em parte de sua área de distribuição.

Atualmente o PAN Papagaios está no segundo ciclo de planejamento (2017/2022), e as ações foram adaptadas às demandas e ao cenário atual, mantendo sua grande força na união de um grupo eclético de profissionais dedicados a realizar e monitorar as ações planejadas em prol da conservação de seis espécies: papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), papagaio-charão (Amazona pretrei), papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha), papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) e papagaio-moleiro (Amazona farinosa). 

Todas essas integrações foram fundamentais para a criação do Programa Papagaios do Brasil, no ano de 2017. A iniciativa reúne diferentes instituições para facilitar e realizar ações de articulação, políticas públicas e de comunicação, voltadas a implementação das ações previstas no PAN Papagaios. Por meio do Programa se tornou viável a ampliação das ações planejadas, a formação de redes mais amplas de parcerias e de comunicação nos diferentes estados de ocorrência das espécies foco. Os esforços realizados são direcionados com objetivo principal de combater uma das principais ameaças, o comércio ilegal de animais silvestres, em especial, dos psitacídeos. 

O conjunto de resultados alcançados incentiva os profissionais que tanto se dedicam à proteção da biodiversidade e dos papagaios a manterem suas atividades e esforços diante de muitos desafios que ainda há pela frente! Resultados eficientes são decorrentes de ações de longo prazo e de monitoramento, proteção e educação para conservação constantes, além de um combate firme e contínuo ao tráfico ilegal de animais selvagens. 

Nas comemorações da Semana Nacional dos Psitacídeos deste ano, estamos diante de um desafio ainda maior pela conservação destas espécies. Vivemos um cenário que exige que a sociedade se reconecte com a natureza e aprenda com ela. Os técnicos envolvidos com o PAN Papagaios têm a importante missão de ser um exemplo de atuação conjunta, de mostrar, a partir de suas experiências, como a união de esforços pode fazer a diferença na busca por um mundo mais equilibrado.  

Nossas atitudes individuais, podem ter boas ou más consequências a este planeta, a depender da consciência de nossa responsabilidade enquanto parte de um conjunto. A melhor ferramenta de sensibilização neste momento é a propagação de informações sérias, de qualidade e de fácil compreensão. Por esse motivo, estamos aproveitando esta Semana para fornecer a maior quantidade possível de conteúdos sobre os nossos queridos papagaios. Só podemos proteger aquilo que conhecemos. E, só chegaremos ainda mais longe se estivermos unidos. 

O Planeta está nos ensinando a importante lição: conhecimento e união podem fazer um mundo melhor para nós e para todas as espécies que nele coabitam.

* Artigo escrito por Elenise Sipinski (coordenadora do Projeto de Conservação Papagaio-de-cara-roxa, executado pela SPVS), Patrícia Serafini (analista ambiental no ICMBio/Cemave) e Marina Somenzari (bolsista do ICMBio/Cemave), integrantes do Programa Papagaios do Brasil

bottom of page